Ao
pensarmos em Ambientes Virtuais de Aprendizagem pensamos em programas (softwares) que se propõem a reunir a
possibilidade de orientar e gerar espaços de comunicação, de interação e de
convivência.
Por
vezes ele apenas reproduz o que já acontece nas salas de aula físicas, porém é
importante reconhecer que dependerá das (inter)ações dos atores envolvidos
(professores, alunos, tutores, etc.) para
o ambiente se tornar um meio de uso da tecnologia que propicia a aprendizagem
a partir da participação ativa destes atores.
Ao reler o artigo da Professora
Eliane Schlemmer “O Trabalho do Professor e as Novas Tecnologias”, muitas de
suas observações chamaram atenção, pois vem ao encontro das reflexões que podem
contribuir para responder nossa pergunta orientadora do Blog, para tanto seguem
alguns destaques do texto.
A autora coloca que vivemos em uma
cultura de virtualidade real, estamos mergulhados em um ambiente inundado de
tecnologias digitais das mais diversas, e mesmo que nós, professores não
estejamos sintonizados com esta realidade, ela está posta.
O viver e conviver de nossos alunos
se dá pela forma como as tecnologias digitais possibilitam a comunicação e
desta forma como se relacionam com o mundo. Mas e nós professores, como podemos
responder a esta realidade?
Há dois caminhos apontados no texto,
o primeiro, percebendo as tecnologias digitais como apenas ferramentas de apoio
ou, o segundo, percebendo como estas tecnologias podem melhorar o processo de
ensino e aprendizagem bem como tornar estes espaços digitais verdadeiros
ambientes de convivência, implementando novas formas de comunicação, promovendo
interação, possibilitando aos alunos assumirem autonomamente seu processo de
aprender, com atitudes de colaboração e cooperação, autoridade, respeito e
solidariedade.
A participação do professor
desafiando seus alunos através de projetos, estudos de caso, resolução de
problemas e constituição de redes de comunicação e interação estimulará as
reflexões destes aprendentes em relação aos seus próprios processos de
aprendizagem. Projetos de
aprendizagem que contemplem a interdisciplinaridade são apontados no texto como
um estímulo para a formação de comunidades virtuais para a resolução de
desafios a partir da constituição de redes de comunicação e de interação.
Conforme Schelemmer (2006),
Quando
o objeto de conhecimento envolve outros sujeitos, a construção do conhecimento
ocorre por meio de processos de colaboração e de cooperação, que se estabelecem
a partir do conhecimento de cada um dos sujeitos, articulando diferentes pontos
de vista e utilizando diversos meios analógicos e digitais que possam subsidiar
esta construção (p. 37).
As práticas virtuais poderão estar
acontecendo a partir de Ambientes Virtuais de Aprendizagem, onde o ensino e a
aprendizagem são atemporais e sem um endereço específico, mas acontecem em qualquer
lugar e a qualquer tempo. Gerar uma parceria com seus alunos que os provoque,
instigue-os, desacomode-os compartilhando conhecimento, ideias e projetos, para
que através dos ambientes virtuais rompam paradigmas, utilizando a tecnologia
como propulsora de inovação e não como “a inovação” constitui ações do
professor.
Esta postura docente implica uma
formação que o instrumentalize para estas novas estratégias, afinal como poderá
o professor responder a necessidade de seus alunos de aprender através das
tecnologias digitais e tornarem-se autores deste processo se não estiver
preparado para assumir este protagonismo.
Schelemmer (2006) destaca ainda que
estimular a inovação, entendida como a quebra de paradigmas, “implica um
complexo processo que se dá no conhecer e no conviver, e não simplesmente por
existir uma nova tecnologia, um novo meio” (p.39). Finalizando, a autora
destaca a necessidade de uma relação aluno-professor “autêntica e verdadeira”
(p.40), fortalecida por atitudes de respeito e valorização, bem como de
confiança, favorecendo a convivência em ambientes virtuais ou físicos.
Talvez ao abordar especificamente as
tecnologias digitais não se perceba inicialmente a ligação entre a pergunta “Como
transformar ambientes virtuais de aprendizagem em ambientes de convivência?” e
as análises realizadas pela autora, mas olhando com mais atenção, a abordagem
em relação à responsabilidade do professor quando tenta responder esta pergunta
através de suas ações pedagógicas encontramos o ponto de encontro e talvez, uma
possível resposta.
Transformamos ambientes virtuais em
ambientes de convivência quando compreendemos tudo que há implicado na
proposição destes softwares, quando participamos da construção destes, e
fundamentalmente quando entendemos como aprendemos, quando reconhecemos nossa
autoria e autonomia, professor e aluno, quando nos instrumentalizamos para a
proposição de atividades que integrem conhecimentos e gerem inovações.
Este é um pequeno passo na resolução
do problema aqui proposto, e como não poderia deixar de ser levantou uma série
de outras possibilidades para uma próxima reflexão: Como os professores se
percebem neste processo de tornar ambientes virtuais, ambientes de convivência?
REFERÊNCIAS
SCHELEMMER, Eliane. O Trabalho do Professor e as Novas Tecnologias. In: Revista Textual / Sindicato dos
Professores do Estado do Rio Grande do Sul . v.1, n.8 (set./2006). – Porto
Alegre: Sinpro/RS, 2006.
______________, A aprendizagem com o uso das Tecnologias Digitais:
Viver e Conviver na Virtualidade. Série-Estudos -
Periódico do Mestrado em Educação da UCDB. Campo Grande-MS, n. 19, p. 103-126,
jan./jun. 2005.